REVICOM – Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres de Montes Claros
O município de Montes Claros apresenta elevados índices de violência doméstica, violência sexual e feminicídios. Contudo, a ausência de articulação entre os setores de segurança pública, justiça e políticas de proteção representava um obstáculo significativo para o atendimento eficaz às mulheres em situação de violência.
Diante desse contexto, instituições governamentais e não governamentais, sob a coordenação do Ministério Público de Minas Gerais, uniram esforços com o propósito de transformar essa realidade. Em 2018, a 16ª Promotoria de Justiça da Comarca de Montes Claros/MG instaurou o Procedimento para Instauração, Promoção e Implementação de Projetos Sociais (PROPS), com o objetivo de estabelecer um fluxo eficiente de atendimento e estruturar uma rede integrada de proteção às mulheres. Essa iniciativa constituiu um marco na articulação entre os diversos órgãos envolvidos, viabilizando reuniões permanentes, a definição de estratégias conjuntas e a capacitação contínua dos profissionais, a fim de garantir um atendimento mais humanizado e eficaz.
A partir dessa mobilização, foi criada a REVICOM – Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres de Montes Claros, que consolidou a elaboração do Protocolo Municipal de Atuação. Esse documento formaliza os fluxos de atendimento, fortalece a comunicação entre os agentes públicos e a sociedade civil e promove a integração entre o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e os setores de segurança, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação.
- Endereço: Casa da Cidadania – Praça da Estação, s/n, Centro. Sala 05. Montes Claros (Minas Gerais).
- Instagram: @nos.com.elas.
- E-mail: redeviolenciamoc@gmail.com
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Nosso Compromisso
A REVICOM tem como propósito garantir a proteção e o atendimento integral às mulheres em situação de violência, promovendo ações que ampliem seus direitos, assegurem o acesso à justiça e fortaleçam políticas públicas eficazes. O compromisso da rede vai além do acolhimento: busca-se também a responsabilização dos agressores, o fortalecimento da autonomia das mulheres e a mobilização da sociedade como um todo na prevenção e no enfrentamento das diversas formas de violência de gênero.
As ações da REVICOM são orientadas pelos quatro eixos da Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres — combate, prevenção, assistência e garantia de direitos. A rede parte da convicção de que, por meio da união de esforços e do compromisso coletivo, é possível transformar a realidade social e assegurar mais segurança, dignidade e equidade para todas as mulheres.
Participação e Encontros
A REVICOM realiza reuniões mensais, sempre na primeira terça-feira de cada mês, com o objetivo de promover debates, definir estratégias conjuntas e aprimorar continuamente as práticas de enfrentamento à violência contra as mulheres. Esses encontros constituem um espaço de diálogo interinstitucional, troca de experiências e fortalecimento das políticas públicas locais voltadas à proteção e à promoção dos direitos das mulheres.
Contexto Geral
- Violência contra mulheres no Brasil:
- Persistência da violência como fenômeno crescente e letal.
- Necessidade de redes integradas para evitar a “rota crítica” enfrentada pelas mulheres.
- Importância das Redes de Enfrentamento:
- Integração de serviços para atendimento humanizado e eficaz.
- Base em políticas públicas nacionais, como os Planos Nacionais de Políticas para Mulheres (PNPM).
Rede de Enfrentamento: o que é?
Diferente das Redes de “Combate” ou “Atendimento”, a Rede de Enfrentamento, objetiva políticas amplas e articuladas, envolvendo setores como saúde, segurança, justiça, educação e assistência social, mas também, serviços não-governamentais, instituições científicas e a comunidade. As ações devem desconstruir desigualdades de gênero, combater discriminações, promover o empoderamento feminino e garantir um atendimento humanizado. Além do combate à violência e o atendimento às mulheres em situação de violência, o enfrentamento inclui prevenção, assistência e garantia de direitos das mulheres (Brasil, 2011, p.25).
Criação da REVICOM
- Os antecedentes:
- Serviços existentes.
- Conferências Regionais pelo fim da violência às mulheres.
- Motivação:
- Falta de articulação entre serviços em Montes Claros até 2018.
- Iniciativa do Ministério Público e mobilização de diversos atores.
- Primeira reunião:
- Realizada em agosto de 2018, com participação de órgãos públicos e entidades.
- Definição de metas e criação de um fluxo de atendimento.
Metas e Ações da REVICOM
- Metas principais:
- Elaboração de um fluxo de atendimento integrado.
- Criação do Centro de Referência ao Atendimento da Mulher (CRAM).
- Qualificação continuada de profissionais.
- Criação de uma Vara de Violência Doméstica e Familiar.
- Garantia de assistência jurídica às mulheres.
- Melhoria na comunicação entre órgãos.
- Desenvolvimento de pesquisas para orientar ações.
- Criação de uma plataforma digital (não concretizada até 2021).
- Ações realizadas:
- Inauguração do CRAM em 2021.
- Criação da Vara de Violência Doméstica e Familiar em 2020.
- Capacitações e workshops para profissionais.
- Realização de conferências regionais e campanhas educativas.
Estrutura e Organização da REVICOM
- Protocolo Municipal de Atuação:
- Formalizado em 2021, define objetivos, atribuições e responsabilidades dos parceiros.
- Parceiros organizados em quatro grupos:
- Segurança e Justiça.
- Políticas de Atenção e Proteção.
- Órgãos de Fiscalização.
- Instituições de Pesquisa e Prevenção.
- Estrutura descentralizada:
- Coordenação compartilhada.
- Criação de comissões temáticas (Articulação, Assistência, Pesquisa, Formação Continuada, Marketing).
- Reuniões gerais mensais.
Desafios e Avanços
- Desafios
- Credibilidade inicial do projeto.
- Integração de serviços e superação da falta de articulação.
- Adaptação durante a pandemia de Covid-19.
- Avanços:
- Consolidação da rede como política pública.
- Engajamento de diversos atores (Ministério Público, movimentos sociais, academia, sociedade civil).
- Impacto positivo na celeridade e qualidade do atendimento às mulheres.
Impacto e Legado
- Conquistas:
- Redução da “rota crítica” enfrentada pelas mulheres.
- Criação de serviços essenciais como o CRAM e a Vara de Violência Doméstica.
- Ampliação do debate público e acadêmico sobre violência de gênero.
- Legado:
- Modelo de articulação que pode inspirar outras redes.
- Continuidade das ações para erradicar a violência contra mulheres.
Considerações Finais
A experiência da REVICOM – Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres de Montes Claros evidencia que a articulação interinstitucional é um fator determinante para o fortalecimento das políticas públicas voltadas à proteção das mulheres. Entre os principais fatores de sucesso, destacam-se a participação ativa do Ministério Público, que desempenha papel central como articulador das ações, a existência prévia de serviços essenciais que possibilitam respostas rápidas e eficazes, o engajamento dos movimentos sociais e da sociedade civil e o compromisso coletivo das instituições envolvidas. Esses elementos asseguram a consolidação de uma rede integrada e comprometida com a interrupção da rota crítica da violência, com o salvamento de vidas e com a promoção de um atendimento humanizado e integral.
A consolidação da REVICOM também se insere em um contexto mais amplo de fortalecimento das políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero, amparadas pela Lei nº 14.899, de 17 de junho de 2024, que tornou obrigatória a criação, a implementação e o monitoramento da Rede Estadual de Enfrentamento da Violência contra a Mulher, da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência e do plano de metas para o enfrentamento integrado da violência contra as mulheres. Nesse sentido, a REVICOM se apresenta como um exemplo concreto de como a cooperação institucional e o engajamento social podem materializar os princípios dessa legislação, contribuindo para a efetivação dos direitos humanos das mulheres e para a construção de uma sociedade mais justa, segura e igualitária.
